A Comissão de Direitos Humanos promoveu audiência pública para o lançamento de uma missão de combate à fome em homenagem ao médico Josué de Castro. Natural de Recife, Castro foi embaixador do Brasil na ONU, deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), e ficou conhecido pelas obras que revelavam a situação de miséria do país: Geografia da Fome e Geopolítica da Fome. A missão de abastecimento alimentar tem o objetivo de produzir alimentos para 5 milhões brasileiros a partir da reforma agrária, popular e agroecológica. Para o Frei Sérgio Gorgen, do Movimento dos Pequenos Agricultores, a campanha tem uma grande importância para a população.

“Esta missão é resultado de um grande esforço, ela é resultado de muita elaboração, de muita inteligência, mas também de muita vivência e de muita experiência. Ela é a soma de muito tempo de estudo, mas também de muito tempo de prática. Parece grande, mas é modesta, que é nós chegarmos com um alimento saudável a cinco milhões de pessoas. É 2,5% da população brasileira. É modesta, mas é grande.”

Os representantes de movimentos sociais criticaram grandes empresas que produzem alimentos ultraprocessados no país. Segundo Maria Emília Pacheco, da organização Solidariedade e Educação, essas companhias não estão preocupadas com a saúde da população e com o meio ambiente. Nesse sentido, ela considera fundamental uma alternativa saudável de alimentação.

“Vários especialistas no campo da saúde e da nutrição têm mostrado o quanto os ultraprocessados, que na verdade são formulações que a indústria trabalha a partir de laboratórios, que artificializam completamente o alimento, não são comida de verdade, e eles geram doenças crônicas não transmissíveis. E o Brasil está, assustadoramente, com o índice dessas doenças aumentado.”

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, ressaltou a história de Josué de Castro e disse que as raízes da fome são políticas.

“Josué de Castro, Geografia da Fome, o tema da fome no Brasil é um tema político, não é um tema biológico, é um tema político. Ele é político por conta das profundas desigualdades do Brasil. Ele é político por conta da concentração de terra. Ele é político por conta da tradição escravagista.”

Durante a audiência, o senador Paulo Paim, do PT de Rio Grande do Sul, também criticou a desigualdade e pontuou que as ações de superação da fome precisam ser colocadas em prática.

“É nesse contexto que nos confrontamos com a realidade do Brasil. Um país abundante em recursos, mas onde milhões ainda vivem a margem da cidadania, presos em um ciclo implacável de pobreza e privação. É um desafio à nossa consciência e um apelo à ação. É hora de passar das palavras aos atos, de transformar a indignação em movimento, a compaixão em solidariedade.”

A missão Josué de Castro é organizada por entidades que fazem parte do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, o CONSEA, entre elas o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, a Articulação Nacional da Agroecologia e o Movimento dos Pequenos Agricultores.

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

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