“A falsidade voa e a verdade vem mancando atrás dela; e, quando os homens descobrem que foram enganados, a fábula já surtiu efeito: (…) como o médico que descobre um remédio infalível depois que o paciente está morto.”
O pensamento é do irlandês Jonathan Swift, autor d’As Viagens de Gulliver, em um ensaio sobre a arte da mentira política escrito em 1710. O texto não poderia ser mais atual. E, infelizmente, é verdadeiro até mesmo em meio à tragédia vivida pelo Rio Grande do Sul – com mais de uma centena de vidas perdidas, mais de uma centena de desaparecidos e milhões de pessoas seriamente prejudicadas.
As mentiras se disseminam pelos celulares, enganam corações e mentes e têm impacto na vida real. As fake news atrapalham o socorro às vítimas, desperdiçam tempo e energia de quem precisa parar o que está fazendo para desmentir informações falsas e induz a erro pessoas de boa fé.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos, senador Paulo Paim, do PT gaúcho, fez um apelo para que as pessoas não espalhem fake news sobre a catástrofe no Rio Grande do Sul.
(sen. Paulo Paim) “Elas não ajudam nada, só atrapalham, só criam um confronto direto, ideológico ou não, não é a questão aqui, não é disputa eleitoral, nós estamos nesse momento nos somando para salvar vidas, então nós pedimos, aqui, parem com as fake news, parem, as fake news nesse momento estão matando, porque é tanta desinformação que é dita que as pessoas se apavoram.”
A jornalista Ester Monteiro, responsável pelo serviço de checagem de informações do Senado Federal, o “Senado Verifica”, relata que a maioria dos pedidos recebidos nas últimas semanas são para averiguar desinformação sobre a situação gaúcha.
(Ester Monteiro – Senado Verifica) “A gente tem recebido pedidos de verificação sobre as autoridades estarem barrando e multando caminhões de doações, a maioria delas fala sobre isso, porque aconteceram algumas ocorrências, realmente, nos primeiros dias que logo foram resolvidas pelas autoridades, mas as pessoas continuam mandando isso para frente sem conferir se realmente continua acontecendo. Também há notícias sobre desvio de doações e casos em que anunciam, por exemplo, a evacuação de uma cidade sem nem ter aviso oficial sobre isso. A outra ocorrência também regular nesses pedidos de verificação é sobre o número de mortos, desse número ser maior do que o noticiado, e tudo isso prejudica muito a atuação dos serviços oficiais e de voluntários para o resgate e atendimento das vítimas. De certa forma, desestimula quem quer ajudar e coloca em risco a segurança das pessoas, mas não é a hora para isso, a gente tem que estar muito atento.”
Ester Monteiro lembra que todos podem aprender a identificar fake news e colaborar para combatê-las.
(Ester Monteiro – Senado Verifica) “A primeira coisa que se deve fazer é analisar o que recebe em aplicativos de mensagem ou ver nas redes sociais se quem mandou não é uma pessoa conhecida e de confiança. Se mandar compartilhar, então, já é motivo para desconfiar. Quando tiver algum exagero, é melhor conferir em sites de checagem ou nos sites de notícia. Essa é uma característica de fake news: abusar de recursos visuais, gráficos e exagerar na informação. Enfim, se duvidar do que recebeu, é melhor não compartilhar, é melhor verificar primeiro.”
O serviço de checagem de informações do Senado está na internet, em senado.leg.br/verifica.
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