Gilmara dos Santos, de 36 anos, é empreendedora e trancista, dona de um salão de beleza especializado em cortes para pessoas negras. No último bimestre, seu estabelecimento comercial, na área central de Brasília (DF), não conseguiu atender muitos dos clientes que procuraram pelos serviços. “Teve muita procura, bastante mesmo, tanto que a gente não teve capacidade para atender a todos. Como o trabalho é específico em tranças, cabelos afros, coisa mais demorada, chegava cliente e a gente não tinha vaga”, relata a empresária.

O relato de Gilmara encontra respaldo na Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgada nesta terça-feira, 13 de agosto, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A PMS indicou que, em junho de 2024, o volume de serviços prestados no Brasil teve expansão de 1,7% frente a maio, na série com ajuste sazonal. O setor encontra-se 14,3% acima do nível de fevereiro de 2020 (pré-pandemia). É o ponto mais alto da série histórica medida pelo IBGE.

O crescimento no setor de serviços (1,7%) na passagem de maio para junho de 2024 foi acompanhado por todas as cinco atividades investigadas, com destaque para transportes (1,8%) e informação e comunicação (2,0%). As demais expansões vieram de profissionais, administrativos e complementares (1,3%), de outros serviços (1,6%) e de serviços prestados às famílias (0,3%).

“Geralmente quando tenho tempo, gosto de passar num barzinho, tomar uma cervejinha para relaxar e de levar o filho ao parque de diversões e clubes aquáticos”, diz a trancista Gilmara. Já uma de suas clientes, a corretora de imóveis Marilza Gomes de Abreu, de 45 anos, tem aproveitado os últimos meses para retomar hábitos, hobbies e cuidados pessoais. “Tenho optado por serviços de beleza, estética, cabelo, maquiagem e pele. Viagens tenho feito mais para a praia, litoral, para lazer mesmo”, conta.

A evolução do índice de média móvel trimestral para o total do volume de serviços mostrou variação positiva de 0,5% no trimestre encerrado em junho de 2024 frente ao nível registrado nos três meses anteriores. Entre os setores, houve predomínio de taxas positivas, já que três dos cinco setores investigados também mostraram expansão: outros serviços (1,4%); transportes (0,7%); e informação e comunicação (0,5%).

“O que interessa é a gente ter uma sociedade de pessoas com poder de compra, pessoas que trabalham, que consomem, porque a coisa só dá certo quando o dinheiro circula”, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante evento em Cuiabá no último dia 31 de julho, para entrega de obras de modernização do aeroportos

O bancário Josibel Rocha, 57, enxergou na pesquisa do IBGE um reflexo do que tem observado ao caminhar pela cidade. “É perceptível que, com o aumento do emprego no Brasil, o crescimento da renda, as pessoas estão procurando mais os bares, restaurantes, estão levando os filhos para lazer no parque, cinema e shoppings. Observo que até na rua, os locais de bar, restaurante, tem muita gente. Melhorou muito”, define o bancário.

TURISMO CRESCE — Em junho, as atividades turísticas cresceram 3,4%. O índice de atividades turísticas apontou expansão de 3,4% frente ao mês imediatamente anterior. Com isso, o segmento se encontra 7,7% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 0,1% abaixo do ponto mais alto já registrado na série histórica (fevereiro de 2014).

Regionalmente, todos os 12 locais pesquisados acompanharam este movimento de expansão verificado na atividade turística nacional. As contribuições positivas mais relevantes ficaram com São Paulo (4,0%) e Rio de Janeiro (8,2%), seguidos por Bahia (5,5%), Rio Grande do Sul (8,5%) e Minas Gerais (1,6%).

Moradora do município mineiro de Contagem, a técnica de enfermagem Enoilce Souza Silva, de 67 anos, aproveita o período positivo para expandir a lista de cidades brasileiras que visitou. “Gosto de viajar muito. Viemos agora para Brasília (DF), Caldas Novas (GO), Porto Seguro (BA). A minha vida é essa: trabalhar e viajar”, explica.

Na comparação de junho de 2024 contra junho de 2023, o índice de volume de atividades turísticas apresentou expansão de 3,9%. Em termos regionais, nove das 12 UFs onde o indicador é investigado mostraram avanço nos serviços voltados ao turismo, com destaque para Rio de Janeiro (11,5%) e São Paulo (3,6%), seguidos por Minas Gerais (9,1%) e Bahia (19,2%).

ESTADOS — Regionalmente, 21 Unidades da Federação (UFs) registraram crescimento no volume de serviços em junho. A maior parte, 21 das 27, registrou expansão no volume de serviços em junho de 2024, na comparação com maio de 2024. Entre os locais que apontaram taxas positivas nesse mês, o impacto mais importante veio de São Paulo (2,6%), seguido por Paraná (3,0%), Rio de Janeiro (1,4%), Minas Gerais (1,9%) e Santa Catarina (2,4%). Em contrapartida, o Rio Grande do Sul (-14,5%) exerceu a principal influência negativa do mês, em função do impacto causado pelas enchentes que assolaram o estado no mês de maio.

Foto: Vitor Vasconcelos / Secom / PR

Ações:

Veja também

Mostrar Comentários (0)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *