Atual diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo lembrou que, mais do que um compromisso, é um dever institucional a sua atuação no sentido de perseguir a meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional. Por isso, ele reafirmou que vai agir com independência, sem se deixar levar por eventuais pressões do Executivo para baixar a taxa de juros, fato que marcou a gestão do economista Roberto Campos Neto à frente da instituição, como acusaram senadores oposicionistas.

Ao ser questionado pela senadora Teresa Leitão, do PT de Pernambuco, sobre como vai lidar com um cenário de aumento da temperatura no planeta, ainda mais porque as questões ambientais envolvem riscos financeiros que podem gerar instabilidade no sistema, o economista disse que o tema já é bastante discutido. Ao lembrar que as mudanças climáticas podem elevar os preços de alimentos, por exemplo, e o custo de adaptação a uma nova realidade será alto, Gabriel Galípolo afirmou que o Brasil tem algumas vantagens em relação a outros países:

(Gabriel Galípolo) “Porque o Brasil tem, hoje, tanto uma segurança alimentar quanto energética contando com uma matriz energética mais limpa; então, esse custo de transição seria menor, num mundo em que você corre o risco de ter várias pressões inflacionárias, seja porque você vê uma escalada de combate à imigração – e tem um caráter desinflacionário a imigração -, seja porque você vê uma escalada também de tarifas de importação, ou seja pela questão climática efetivamente.”

Preocupada com a dificuldade de acesso ao crédito rural pelos atores do agronegócio, a senadora Tereza Cristina, do Progressistas de Mato Grosso do Sul, quis saber de Gabriel Galípolo o que pode ser feito para garantir condições mais vantajosas de financiamento para o setor, num cenário de elevação da taxa de juros:

(sen. Tereza Cristina) “Nós somos uma indústria a céu aberto e todos os anos, na hora do Plano Safra, nós precisamos discutir e insistir na necessidade que nós temos de adequar as taxas de juros, e aí o Tesouro tem que entrar fazendo essa equalização.”

Ao destacar a importância do agronegócio, Gabriel Galípolo afirmou que tanto o governo federal quanto o Conselho Monetário Nacional discutem a modernização dos mecanismos atuais de financiamento e de seguro rural.

O economista ainda demonstrou preocupação com o impacto do elevado volume de recursos das famílias que está sendo direcionado para apostas esportivas, como lembrou o senador André Amaral, do União da Paraíba:

(sen. André Amaral) “No mês de agosto, por exemplo, as transferências brutas para as empresas de jogos de azar foram próximas a R$21 bilhões, com a taxa de retenção de 15%. Trata-se de um valor relevante, equivalente a R$36 bilhões por ano.”

Em relação aos questionamentos sobre a autonomia do Banco Central, assunto discutido no Senado por meio de uma proposta de emenda à Constituição, Gabriel Galípolo afirmou que a questão apresenta mais divergências em relação à forma do que em relação ao conteúdo. Nesse sentido, ele defendeu avanços legais que deem à instituição capacidade de continuar cumprindo suas funções:

(Gabriel Galípolo) “Entender que agora nós temos pessoas que têm que trabalhar 24 por 7, porque, se o Pix funciona 24 por 7, nós precisamos ter gente trabalhando 24 por 7. Há necessidade de fazer investimentos em diversos setores.”

Aprovada a indicação pelo Senado, Gabriel Galípolo será nomeado pelo presidente Lula, para exercer o cargo de presidente do Banco Central entre primeiro de janeiro de 2025 e 31 de dezembro de 2028.

Foto:  REUTERS/Adriano Machado

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